quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Sempre fomos virtuais?!

Nessa reflexão as ideias vão se entrelaçando, sem nenhuma pretensão conclusiva, de esgotamento. Assim, a proposta é orientada: valorizar o pensamento, as perguntas, ao invés de narrar um possível conhecimento sobre as coisas, as respostas.

A partir disso, que tal sair do problema da educação pelo próprio problema da educação? A linguagem é datada. Se hoje estamos na época virtual, outro modo de agenciamento surge para os homens. Então, seria a idéia de virtual uma precedência em relação aos problemas filosóficos educacionais?

As generalizações são processos que não dão mais conta de entender a complexidade de nossa contemporaneidade, pior ainda, barram a riqueza da multiplicidade e da diferença cultural. Estamos reduzindo toda a diferença a uma idéia comum para tentar compreender o mundo. Reduções sintéticas como ‘sujeito de conhecimento’, ‘sociedade de consumo’, ‘globalização’, ‘capitalismo tardio’ não abarcam a diversidade social. (Canclini, 2004)

Onde chegaremos reduzindo toda a riqueza da complexidade de nossa época, do nosso pensar? Com o advento do silício substituindo o carbono, e agora, com a proximidade da nanotecnologia micro-atômica, como construir pensamentos capazes de dar conta da potência multicultural dos saberes? Talvez, pudéssemos pensar esta questão sob o ponto de vista da diferença, enquanto multiplicidade de signo-virtual.

O homem e o mundo virtual estão (se é que estiveram) separados?

Em nossas aulas, reflexões surgiram e forçaram o pensamento em nós, como, por exemplo, ao pensar o limite do ato ensinar, enquanto representação epistemológica, diante da potência de estranhamento. Somos todos ciborgues? Pensamento estranho que, por sua vez, conduziram-nos a outros problemas: como a técnica se encaixou, exatamente, em nossa humanidade? O homem é um ser artificial e a técnica extensão dele? Ou o homem é racionalmente o senhor explorador e dominador da natureza? Como nos tornamos humanos, ou melhor, o que nos fez deixar de ser ciborgue: a razão, o senso comum, o contratualismo, a representação?

Platão subsume o devir às idéias, praticamente, barrando tudo que há de múltiplo, apesar de reconhecer que há algo de indomável na natureza.

Para Aristóteles somos seres superiores, porque somos instrumentados pela razão, entendemos a essência das coisas e, portanto, a verdade da origem de todas as coisas do mundo. Desse modo, a razão e a linguagem produzem um inventário das coisas do mundo, inaugurando o esquema de idéias representativas.

Na lógica cartesiana, o homem ocupa o lugar do conhecimento. Em relação à exploração da natureza, o homem é o senhor. Se por um lado não estamos limitados aos problemas religiosos e teológicos, surgiram os limites da normalidade humana, ou seja, fixou-se o homem no aqui e agora da representação humana.

Em Focault, a representação é o modo de ser da linguagem. Mas, para ele, a linguagem aos poucos vai deixar de ser representativa, porque este século já se prepara para a era moderna, a era da mídia eletrônica e televisiva. No entanto, a era contemporânea foi modulada pela representação, podemos concluir que ainda não saímos inteiramente disso.

Entretanto, se hoje estamos na época da dissolução da forma e da desconstrução do sujeito, as grandes verdades perderam sua força e o pensamento é válido pelo caráter libertador. Trata-se de se alimentar do que é estranho e diferente, reconhecendo a multiplicidade.

O desafio: a ressignificação

Se o homem antes tinha tempo de incorporar as novas transformações e adaptá-las ao seu mundo, o mesmo não acontece com o homem moderno. O problema que vivemos hoje é que as mudanças são tão rápidas que não temos tempo de adaptação.

E, pensar a natureza como natureza ou artifício é algo urgente, ignorar tal questão é vulgarizá-la. Enfim, este problema pode e deve ser pensado com mais cuidado, tanto em relação ao risco de manipulação pelas autoridades quanto pela demanda do mercado - setores apaziguados pela ideia do sujeito de conhecimento que faz uso responsável e eficaz da técnica e das novas tecnologias. Por isso, é importante buscar entender que tudo o que está acontecendo, está acontecendo “naturalmente” artificialmente.

As mudanças de domínio tecnológico exigem mudanças, outra subjetividade. Não há ponto fixo no processo técnico. A técnica é um devir do artifício. Ao inventar o novo, o homem pode alterar, inclusive, a sua compreensão de si mesmo, isto é, pode mudar a sua subjetividade e, até mesmo o seu modus vivente.

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