De forma crescente, o trabalho exige conhecimento, entendido como produto e processo. E a escola se vê na obrigatoriedade de trabalhar melhor a questão entre conteúdo e método. Uma nova mediação entre homem e trabalho é um dos principais impactos das mudanças no mundo do trabalho sobre a educação.
Basta olhar para a história. Na época do fordismo e do taylorismo, habilidades psicofísicas, memorização e repetição dos procedimentos eram suficientes para delinear quem era apto para realizar as tarefas. Não eram exigidos, portanto, muitos anos de escolaridade e outros conhecimentos específicos para que o homem pudesse se destacar. É claro que havia exceções, os intelectuais da época precisavam deste tipo de produção e de estímulo ao conhecimento.
Mas a incorporação da ciência e da tecnologia aos mais diversos processos produtivos exigiu uma mudança de paradigma, que se estendeu aos outros setores da vida social e produtiva, apesar de ter impactos diferentes. Então houve uma maior exigência do trabalhador por parte da relação com o conhecimento. E isso deve, na maioria das vezes, nascer dentro dos muros da escola. Por outro lado, os empregos informais ainda seguem um caminho diferente. O trabalho bem-sucedido nessas condições depende de conhecimentos específicos e formas tradicionais de gestão, por exemplo.
Dessa forma, há uma necessidade de apropriar-se de conhecimentos científicos, tecnológicos e sócio-históricos, até por uma questão de sobrevivência dentro do âmbito profissional. O método também se tornou importante devido às novas demandas, digamos que devido à agilidade das atualizações dos conhecimentos. A Doutora em Educação Acácia Zeneida Kuenzer aponta que o cenário abre espaço para uma nova metodologia, e não a da “escola burguesa”. Segundo ela, o que está em jogo é a superação do próprio capitalismo.
Para tal, a mediação da linguagem tem que ser reconhecida como o foco entre a relação entre o homem e o trabalho. Antigamente, como nas fases já citadas taylorista e fordista, a relação acontecia especificamente entre usuário e produto. Com a modificação da finalidade, com foco em desenvolvimento tecnológico e não mais em maximização da produção, a relação acontece entre usuário e processo, e não mais produto, dependendo do conhecimento deste produtor.
A tecnologia atinge o mercado de trabalho globalmente. A Internet acabou se tornando mais um abismo criado entre continentes. Na Ásia se encontram 41% dos internautas do mundo, 25% deles estão na Europa, 16% na América do Norte, 11% na América Latina e Caribe, 3% na África, 3% no Oriente Médio e 1% na Austrália.
No Brasil, a presente - e crescente - precariedade das escolas públicas promove os chamados desconectados, tanto em questões tecnológicas, quanto em conhecimento. Dessa forma, torna-se difícil transmitir o conhecimento adequado para os alunos e também transmissão de ensino e troca entre professores. Isso fora a perda da autoridade.
A autoridade do professor não deve ser usada para a imposição de ideias, e sim para estimular o aluno. Situações problemáticas são bem-vindas, retirando o aprendiz da inércia, reelaborando conhecimentos vindos de diferentes fontes. Novas ações por parte da Pedagogia romperiam com a tradição escolar, mas abririam espaço para que o aluno também seja um agente sob o olhar do professor, levando o aprendizado de forma mais inteligente para fora dos muros da escola. O diálogo entre o professor e o aluno deve ser ampliado com o uso das redes, visando um intercâmbio educacional e cultural.
Análise baseada no artigo de Acácia Zeneida Kuenzer, “Educação, linguagens e tecnologias: as mudanças no mundo do trabalho e as relações entre conhecimento e método”.
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
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Concordo com o que você nos traz, Fabíola. É importe nos tempos atuais nos apropriarmos das tecnologias inadiáveis e, sendo assim, dos seus resultantes. Dente eles, a educação cada vez mais é afetada, seja no uso de equipamentos ou mesmo na aquisição do conhecimento trazido/mediado por estes, beneficies incontestáveis. Todavia, e avançando um pouco mais na discussão que você nos apresenta, há de se pensar e discutir com mais propriedade muitos dos efeitos incertos que já se apresentam: imediatismo, consumismo, superficialismo, dentre outros. Usar sim, mas com moderação!
ResponderExcluirParabéns, pelo texto.
Abração,
Stepheson
Sim, Stepheson, com essas mudanças, o imediatismo, o consumismo e o superficialismo, como você disse, entram na bagagem dessa era da informação. São aspectos sérios, e reais. Cada um deles precisa de uma análise delicada e minuciosa para que o aprofundamento do conhecimento não seja perdido em nenhuma área.
ResponderExcluirObrigada pelos parabéns e vamos às reflexões.
Abs.