quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

A tecnologia e as novas gerações

A ligação das crianças e jovens da geração atual com a tecnologia é irrefutável. O senso comum concorda que esta ligação ultrapassa o nível da diversão se transformando em um elemento básico para o desenvolvimento destes como sujeitos sociais, inseridos no meio e interligados a ele e ao restante da sociedade onde vivem.

E quando surgiu essa relação? De acordo com Stuart Hall, a revolução cultural ocorrida a partir do século XX modificou os meios de produção, circulação e trocas de informação a partir da intensificação das tecnologias e da revolução da informação. As gerações que surgiram a partir desta época nasciam familiarizadas com todas as mudanças que ocorriam enquanto as anteriores tentavam se adaptar. Nada muito diferente do que vemos hoje. Naquela época, e fator que se intensificou com o passar das décadas, a grande diferença encontrada a partir de civilizações anteriores era a abrangência dessas modificações e a rapidez com que chegavam até a sociedade. Do primeiro jornal escrito até o surgimento do rádio três séculos se passaram, enquanto em apenas meio século surgia a televisão e em apenas mais um quarto de século os primórdios do que hoje conhecemos como internet. Com a velocidade dos meios de comunicação surgiam novas gerações ainda mais rapidamente adaptadas e “antenadas” com todas as mudanças que ocorriam. Surgiam também indivíduos midiáticos que não conheciam uma vida completamente livre de interações que surgiam o tempo todo de todas as partes.
“A nova mídia eletrônica não apenas possibilita a expansão das relações sociais pelo tempo e espaço como também aprofunda a interconexão global, anulando a distância entre as pessoas e os lugares, lançando-as em um contato intenso e imediato entre si”. (Du Gay 1994).

O que acontece hoje é apenas um reflexo do processo que começou há mais de um século com o surgimento e crescimento da importância social da mídia. De acordo do hall é ela quem “sustenta os circuitos globais de trocas econômicas dos quais depende todo movimento mundial de informação, conhecimento, capital, investimento, produção de bens, comércio de matéria prima e marketing de produto e idéias.” Assim como a TV encantou e atraiu – e continua atraindo gerações - que praticamente entravam em seus programas e novelas desejando se tornar parte daquela fantasia, hoje tecnologias como a internet, em especial, funcionam como um imã e um espaço social onde crianças e jovens conseguem ultrapassar a fase do desejo, efetivamente se projetando e vivendo virtualmente de acordo com suas vontades.

Não existe na grande rede o limite da tela, as historias não se limitam a roteiros pré-escritos, eles podem ser a todo tempo modificados, reescritos, ter mil mãos e vozes. Com isso, a velocidade de integração e mudança se multiplica, as gerações anteriores sentem mais rapidamente a obsolescência de seus meios e, de forma não tão dinâmica, tentam recuperar-se e entender-se em um espaço e tempo que parecem não mais lhes pertencer.

Tatiane Ribeiro



2 comentários:

  1. Realmente a "aldeia global" se tornou cada vez menor com o passar do tempo. E em uma velocidade cada vez mais rápida e crescente. As pessoas são agentes, não mais sonhadores. O que vem por aí?

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