A escola guarda em si os pactos e tensões que se dão na sociedade em que se engendra. É um campo em que se manifestam forças de manutenção/conservação e de mudança. Muito se tem questionado a instituição escolar pela sua tendência ao conservadorismo, pela negação das vozes que buscam uma educação criativa e libertadora.
A concepção mecânica é a que ainda prevalece nos atos de ensino-aprendizagem e os artefatos midiáticos, quando são usados, funcionam como acessórios ou complementares, externos ao próprio processo de aprendizagem. Neste panorama, a inclusão da mídia-educação só seria eficaz para os movimentos de mudanças se considerasse os diferentes atores que circulam e constroem a instituição.
É necessário reconhecer a comunicação que se dá (ou não) entre alunos, professores, coordenadores, diretores, porteiros, secretárias e merendeiras (entre outros) e como cada um entende a educação escolar formal e a sua participação neste processo. Trazer a tona, olhar com atenção este caldeirão cultural, o que cada um valoriza e despreza, valores estes construídos em suas histórias pessoais, familiares, territoriais, e também delineados pela sua experiência com a mídia – o quê e como vêem TV, ouvem rádio, lêem jornais, revistas livros, usam o computador... Reveladas as nuances das concepções sobre o que é educar e qual o papel da escola, pode-se construir uma base compartilhada, mesmo que provisória e mutante. E resgatar, fazer circular, os papéis de quem ensina e quem aprende, trazendo para o centro da cena também quem tradicionalmente está marginalizado neste processo e que não se vê como “ensinante” e “aprendente” (aprendiz).
Projetos que incluem mídia-educação precisam considerar esta base compartilhada, construída com a participação de todos, e selecionar os recursos que podem contribuir para que os objetivos educacionais sejam alcançados. Além de atuarem como receptores de mensagens de artefatos midiáticos, é preciso oferecer aos atores oportunidade de exercitarem a função de produtores de artefatos, avançando na compreensão de como se relacionam com eles e iniciem a apreensão de sua linguagem específica.
Por isso, é importante definir, inicialmente, um meio para trabalhar, garantindo a troca de experiências a partir de uma vivência comum. Atividades com produção de vídeos, programas de rádio, elaboração de um jornal ou de um site institucional são bons exemplos de possibilidades de uso da mídia na redefinição compartilhada dos objetivos e procedimentos escolares.
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
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